A ARTE DE TROVAR
A palavra Arte origina-se do vocábulo latino ARS e significa técnica ou habilidade. Possui um caráter estético e está intimamente relacionada com as sensações e emoções dos indivíduos. Ainda possui função Social. Manifesta-se através da pintura, da dança, da música, do cinema, da arquitetura, da literatura etc. E indica a capacidade de criar, produzir ou inventar coisas novas.
Quando falamos sobre A ARTE DE TROVAR a que especificamente estamos nos referindo?
Referimo-nos a Construção da Trova
Para tanto criamos a página "Artigos" onde serão divulgados material de interesse geral sobre a Teoria e a prática da arte de Trovar. São artigos, cartilhas e outros materiais que ajudarão na construção de trovas. Além disso disponibilizamos na página "Mídia" pequenos vídeos cedidos pela UBT-Seção de Curitiba, contendo breves resumos sobre a estrutura da Trova.
Harmonia em quatro versos,
o talento posto à prova,
um tema entre os mais diversos...
e um trovador: - Nasce a trova!
Vanda Fagundes Queiroz
A Trova
O milagre lírico da realização da Trova, tanto pode realizá-lo um grande poeta...
quanto um repentista troveiro, num transe de inspiração. (Menotti Del Picchia)
Trata-se de uma das mais antigas modalidades de poesia, e até hoje é uma das mais cultivadas, especialmente nos países de língua portuguesa. Sua história remonta à Idade Média, vindo desde os trovadores provençais e ibéricos. Eram as conhecidas CANTIGAS ( Amor e Escárnio). Estas eram representadas pela Poesia popular, ligada à música e à dança. E tinham por temática Valores culturais e a certos tipos de comportamento difundidos pela cavalaria feudal que até então lutava nas Cruzadas no intuito de resgatar a Terra Santa do domínio dos mouros.
No Brasil, a trova está presente desde a chegada dos portugueses: veio nas caravelas de Cabral. Continuou com Anchieta; com Gregório de Matos; com os árcades (Alvarenga Peixoto, Cláudio Manuel da Costa, Tomás Antônio Gonzaga); com os românticos (Casimiro de Abreu, Castro Alves, Fagundes Varela, Gonçalves Dias), com os parnasianos (Alberto de Oliveira, Olavo Bilac, Vicente de Carvalho); com os simbolistas (Alceu Wamosy, Alphonsus de Guimaraens, Cruz e Sousa, Emiliano Perneta); e aos que trovando cantam (Caetano Veloso, Chico Buarque de Holanda, Juca Chaves, Vinícius de Moraes).
Trovadores brasileiros típicos (especialistas em trova), na primeira metade do século XX, foram, por exemplo, Adelmar Tavares (que introduziu a trova na Academia Brasileira de Letras), Bastos Tigre, Belmiro Braga, Catulo da Paixão Cearense, Colombina, Djalma de Andrade, Lilinha Fernandes, Olegário Mariano, Luiz Otávio. Na atualidade destacam-se entre outros Antonio Augusto de Assis, Carolina Ramos, Arlindo Tadeu Hagen, Therezinha Diégues Brisolla, Jerson Brito de Lima, Vanda Fagundes Queiroz, Maria Helena de Oliveira Costa, Renato Alves, José Ouverney, Lucilia Decarli, Professor Garcia, Manoel Cavalcante, Mara Melinni Garcia, entre outros.
No Brasil, a grande expansão da trova ocorreu, entretanto, somente a partir de 1956, com o lançamento do livro: Meus irmãos, os trovadores, de Luiz Otávio, que reuniu 2 mil trovas e é considerado o marco inicial de um movimento de trovadores dentro da Literatura brasileira e mais ainda após os I Jogos Florais de Nova Friburgo, em 1960.
Mas afinal o que é Trova?
Por suas características principais – simplicidade, sonoridade, facilidade de memorização – a trova é geralmente descrita como “poesia tipicamente popular”. De fato é. Porém a construção de uma boa trova não é tarefa simples: exige criatividade, sensibilidade e técnica.
Em Meus irmãos, os trovadores, Luiz Otávio (1956) define a trova moderna como uma composição poética de quatro versos setissilábicos, rimando pelo menos o segundo verso com o quarto, e tendo sentido completo (grifo nosso).
NA ATUALIDADE:
Trova é uma composição poética composta de quatro versos de sete sons (setissílabos), sem título, rimando o primeiro verso com o terceiro e o segundo com o quarto (abab), e tendo sentido completo.
Como esta:
Saudade – lembrança triste
de tudo que já não sou...
Passado que tanto insiste
em fingir que não passou!
Edgard Barcelos Cerqueira
Para fazer uma trova tecnicamente correta é preciso atentar à métrica, rima. O poema deve ter sentido completo. A Trova exige que cada verso tenha 7 sílabas métricas. A sílaba poética corresponde a um som, ou seja, a uma nota musical. O setissílabo é um verso de sete sons (dó-ré-mi-fá-sol-lá-si). Atente-se ainda que conta-se as sílabas até a ultima sílaba tônica da última palavra do verso. Observe o exemplo abaixo.
Na seara desta vida (7ª sílaba métrica)
sou um grande plantador.
E, pretendo nesta lida,
só colher frutos do amor.
Cecim Calixto
Bem como que a Rima é um dos elementos indispensáveis da trova. lembre-se, a Rima de uma palavra qualquer é o som que se inicia na vogal da última sílaba tônica e vai até o fim desta palavra.
A rima de "fim", por exemplo, é im, de "gente" é ente, de "dúvida", úvida e assim por diante.
Exemplo:
Na rua do devaneio,
teu desamor, eu suponho,
foi a carreta sem freio
que atropelou o meu sonho...
Pedro Melo
Sentido Completo:
Observe que os quatro versos da trova devem guardar entre si, o sentido completo do tema.
Exemplo:
Canta, Iguaçu... que os teus cantos,
feitiços das verdes matas,
afastam mágoas e prantos,
no canto das Cataratas!
Professor Garcia
Para conhecer mais sobre a teoria e prática da Trova
acesse as páginas: Artigos e Mídia.