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Therezinha Dieguez Brisolla

Projeto Conhecendo nossos Trovadores e as suas Trovas

Therezinha Dieguez Brisolla

O vídeo contêm breve biografia, trovas e fotografias.

Breve Biografia

É natural de São Carlos - São Paulo, nasceu em 12 de julho de 1932 na Fazenda Santa Cândida, de propriedade de seus avós. Filha mais nova de Manoel Esteves Dieguez e  Maria Carmela. Quando criança além de São Carlos residiu em Bauru e pederneiras ambas no Estado de São Paulo. Formou-se normalista.

Casou-se em 1956 com Airton Pinheiro Brisolla e dessa união nasceram 4 filhos: Airton, Luzia, Raquel e Roberto. Tem 7 netos e 8 bisnetos.

Professora lecionou por 30 anos em Bauru-SP.  Em 1984, já aposentada e tendo a poesia como lazer, ingressou na União Brasileira de Trovadores, cuja Delegacia da UBT em Bauru-SP era presidida pelo Magnífico Trovador Helvécio Barros.

Mudou-se  para São Paulo com o filho mais novo em 1988, e em 1989, depois de três anos consecutivos nos cinco primeiros lugares em concursos em Nova Friburgo recebeu  o título de Magnífica Trovadora em Humorismo, sendo até hoje a única mulher a ostentar esse título.

Depois tornou-se  Notável Trovadora, em Pouso Alegre – MG – e detêm os títulos de Personalidade da Trova, em Bandeirantes – PR e Mestre da Trova Humorística, em Taubaté. Recebeu  por duas vezes, o Troféu “Lilinha Fernandes”,  da UBT-Porto Alegre, -  oferecido ao trovador que somou mais pontos nos concursos, durante o ano.

Participou ativamente das diretorias da Delegacia de Bauru, da Seção da UBT – SP e da UBT Nacional, onde foi secretária durante a gestão da primeira mulher presidente, Domitilla Borges Beltrame. Ocupa a cadeira nr. 38 da Confraria Brasileira das Letras e é Acadêmica fundadora da Academia de Letras de Bauru-SP.

Aos 80 anos escreveu seu primeiro livro de trovas e poesias “À procura de Estrelas”.

Foi julgadora de centenas de concursos e ministrou  Oficinas de Trovas em diversas cidades. Conquistou nesses 40 anos como associada da UBT, 850 classificações com direito a igual número de diplomas, livretos com resultados, troféus e medalhas. Além de incontáveis premiações em concursos de poesias de outros gêneros e em prosa. Representando Bauru foi classificada em  1º lugar no “Mapa Cultural”, em âmbito municipal com o conto “O Alfaiate”.

Em 2016 passou a residir em Curitiba-PR e passou a frequentar as atividades promovidas pela Seção da UBT naquela cidade. Por solicitação encaminhada pela UBT-Seção de Curitiba e proposição da Vereadora Julieta Reis  recebeu da  Câmara Municipal da cidade, Diploma de Agradecimento por haver contribuído com a cultura da cidade e engrandecimento da UBT.

Aos 90 anos resolveu  aposentar-se da participação em concursos e de cargos na UBT, mas continua até hoje participante de grupos de Novos Trovadores, em Sumaré – SP  e em Campinas, cidade que reside atualmente; revisando trovas, corrigindo, dando sugestões.  E, a quem pede ajuda, de outras cidades Therezinha está sempre pronta a ajudar.

Trovas

TROVAS HUMORÍSTICAS

Faço trova e, divertida,
em humor “me saio “ bem:
– Eu só quis mostrar à vida,
como eu sei brincar... também!
 
Quando a vida se distrai
ou dá tudo ou tudo nega:
– Rico... pega o carro e sai
– Pobre sai... e o carro pega!
 
Gritei “Pare, seu Joaquim”
quando o trem apareceu.
Ele ainda olhou pra mim,
Falou “Ímpare”... e morreu!
 
Querendo ver o acidente
ele abriu caminho a murro...
Foi dizendo: – Sou parente...
Mas, quem morreu... foi um burro!
 
Pára, o Luso, ao ver a farda...
- Cadê a carta ?... Quero ver...
- Mas que vergonha, seu guarda !
Eu fiquei de lhe escrever?!
 
Eu não mandei a criada
tirar a roupa na rua.
Ela contava a piada
e eu só disse: – Conti... nua!
 
Vendo a fera, fica um “gelo”...
retira a cruz do pescoço...
Mas, o leão ante o apelo:
– Só rezo depois do almoço.
 
– “Qualquer santo... eu tenho fé”!
grita ao cair de uma grade.
– “Eu te ouvi, mas sou Tomé...
Só vim ver se era verdade”!
 
A peruca e a dentadura
ele tira e perde o viço...
Ela pergunta e ele jura
que o resto... não é postiço!
 
Termina o discurso em rima:
“Ao corredor visitante...
(e o verso que é obra-prima)
“O famoso ás no volante!”
 
A porquinha se casou
e chora o tempo inteirinho!...
Bem que a mãe dela avisou:
– Não case com porco-espinho.
 
Um remédio envenenado
e a Julieta morreu.
O Romeu foi condenado
porque ela disse: – Erro... meu!
 
Pergunta o “maitre”, polido:
(no prato, a vespa... tostada!!!)
– E qual foi o seu pedido?
– O prato da vez passada.
 
Vamos, ao circo, sozinhos
e, por favor, fiquem calmas...
E as mães dos dois mosquitinhos:
– É que o povo... bate palmas!
 
– Venha, tigresa, pra cama...
(o velho rico resvala)
e a garota de programa:
– Mais um tigre... de Bengala!
 
Pensei no jogo “e deu galho”,
quando ela gritou: – Tarado!
Só disse, ao ver o baralho:
– Mocinha, você tem dado?
 
Deita e fala em natação!
A esposa, recém-casada,
num sufoco espera em vão...
E o marido... nada... nada...
 
Diz sem olhar pro cliente:
– Você tá sendo traído...
Só que a cigana “vidente”,
leu a mão... do seu marido!
 
Cai no trilho e a triste sina
maldiz tanto o beberrão:
– Essa escada não termina
e é tão baixo o corrimão!
 
Desdentado, velho e fraco,
toda noite “deita e rola”,
mas não acerta o buraco...
Triste fim... de um tatu-bola!
 
Foi, de corrida, ao local
pensando em bumbuns... artistas...
“Noite do Fio Dental”
era um curso... pra dentistas!
 
Cai da escada (algo o sustenta)
– Francisco de Assis... tô frito!...
O santo o solta e lamenta:
– Perdão... sou São Benedito.
 
Gera corrida e surpresa
notícia mal pontuada:
“A mulata Globeleza
visita a Serra... Pelada”.
 
Ao ver que estava em perigo,
fechou, a Jane, a matraca...
É que o Tarzã, sempre amigo,
hoje “tava com a macaca”!
 
“Meu anjo corre comigo”...
Na curva ele foi direto
sem ler a placa “Perigo”.
Seu anjo?... era analfabeto!
 
“Deu bode” a vaidade dela...
A plástica a esticou tanto
que agora só faz novela,
que exige ... cara de espanto!!!
 
“Eu quero uma bênção” diz
o andarilho, no convento.
Com a mão tampando o nariz,
o monge lhe diz: – Sê bento!
 
Já velho, o Sansão estrila:
– Minha mulher tá caduca...
Mal cochilei e a Dalila
tosou a minha peruca!
 
Na “guerra” pela conquista
de um bom salário, valentes,
a manicure e o dentista
lutam “com unhas e dentes”.
 
Não sobrou uma peninha!!!
E o galo, machão, despista:
– Saio pelado da rinha
quando é verão... Sou nudista.
 
Ao pai dela, o cafajeste
explica: – “Foi num pagode”...
O velho é um “cabra da peste”
E a moça lhe diz: – “Deu bode”!
 
“Quero algo que me deleite”!
diz, ao leiteiro... e o panaca:
– Vista a roupa... não se deite...
que eu vou buscar minha vaca.
 
Pôs anúncios nas estradas:
– “Por um módico aluguel,
moitas limpas, bem cuidadas”...
e inaugurou... seu “Moitel”!
 
Vendo a grana do “pamonha”
ela diz, baixando o olhar:
– Num motel?... Tenho vergonha...
só se for familiar...
 
– É o piloto... tô em perigo!...
Tem fumaça... e um fogaréu!!!
– É a torre... reze comigo:
Pai Nosso que estais no céu...
 
“Sultão velho vende, urgente,
tendas sem uso, importadas.
No aperto, dá de presente,
odalisca e esposa... usadas”.

 

LÍRICAS E OUTRAS MODALIDADES

Caminho, mantendo acesa
a chama da sensatez,
na  estrada em que, com certeza, 

não passarei outra vez.

 

Comparo a um pano rasgado
esse amor ao qual me rendo:
quando parece acabado,
um de nós faz o remendo. 

 

A travessia é mais triste
se, no meio do caminho,
nossa esperança desiste
e a gente segue sozinho.

 

Tantas juras... de mãos dadas!
Mas a vida, em seus desvãos,
ao namoro armou ciladas
e separou nossas mãos!

 

Eu olho a rua e, se o vejo,
a razão já sai de perto.
Fecho a janela... e o desejo
esquece o cadeado aberto!

 

Eu rezo ao beijar meu santo
mas minha oração, de fato,
não chega ao céu... (não me espanto!). 

O meu santo... é o teu retrato!

 

Por mágoas que me consomem, 
hoje eu culpo os erros meus.
Ele era apenas um homem...
fui eu que fiz dele um deus!

 

Nesta vida alucinante
e de ilusões passageiras,  
às vezes, um breve instante
vale mais que horas inteiras!

 

Em preto e branco, no entanto,
instantes por nós vividos,   
nas fotos têm tal encanto
que eu os vejo coloridos !

 

Ao inventar meus deslizes, 
teu ciúme, injusto e louco,
abre novas cicatrizes
e mata o amor... pouco a pouco.

 

Eu lutei quando quis ter
teu amor... e o consegui!...
Depois, eu quis te esquecer  

e esse combate... eu perdi.

 

Por meu pranto... por meus ais...
por meu viver infeliz...
sei que saudade é bem mais
do que o dicionário diz!

 

O meu coração me intriga
e só me traz confusão...
Toda vez que a gente briga 
quero esquecer-te ... e ele não!

 

Suas cartas, quase em tiras, 
leio em segredo e me fere,
procurar entre as mentiras,
aquela que diz: - Me espere!

 

Queimei coisas do passado...
Não tem volta... Pouco importa!

Mas o vento, que malvado,
trouxe a cinza à minha porta!

 

Não abro a última carta....
Seja a notícia qual for,
sei que não vens... e estou farta
de ler mentiras de amor!

 

Faz promessas... sei que mente...
Mas, desta vez - que maldade! -
disse adeus e, infelizmente,
desta vez... disse a verdade!

 

Suas vindas... são surpresas!...
Faz juras... se contradiz...
E é esse amor, sem certezas,
que há muito me faz feliz!

 

É noite!... a cama arrumada...
O rádio de pilha mudo...
Sua foto... e, nesse 'nada',
a sua presença... em tudo!

 

Eu acendo a vela benta
e, com fé, beijo a medalha
mas, quando você me tenta,
meu anjo-da-guarda... "falha!

 

Deu-me a vida!... E, alegre ou triste,
deu-me o dom de fazer trovas.
Para crer que Deus existe,
não preciso de outras provas.
 
Sempre meigo, às vezes triste,
foi razão do meu viver.
Sorriso igual não existe...
Só minha mãe soube ter!
 
Cada filho, que eu criei,
deu-me um pouquinho de si...
Se a viver os ensinei,
com eles... quanto aprendi!
 
Fazer trovas, nem me atrevo...
são só de avó meus afetos.
Fazer sonetos?... Não devo...
durante as férias... só netos!
 
De Luiz Otávio, eu sabia
de cor seus versos mais ternos...
Todo o seu sonho cabia
nas folhas dos meus cadernos.
 
Seresteiro, sonhador,
à trova ele deu abrigo.
Foi poeta e trovador...
Foi meu mestre... e meu amigo!
 
Não acho coisas no chão
porque não consigo vê-las.
Sou poeta, eis a razão:
– Ando à procura de estrelas!
 
Que eu tenha, no dia a dia,
cautela na trajetória...
Meus passos, na travessia
gravam, no chão, minha história.
 
Sufoca a dor em meu peito,
meu coração sonhador...
e ajeita o ninho desfeito,
à espera de um novo amor!
 
Uma foto... uma missiva...
que eu guardei da mocidade.
Uma flor, a sempre-viva
e a sempre viva... saudade!
 
Há certos dias tristonhos
em que um livro me faz bem...
e enquanto não tenho sonhos,
vivo dos sonhos de alguém.
 
Sorrindo, tento esconder
toda a mágoa que me inspiras
Finges me amar... finjo crer...
Nós somos duas mentiras!
 
Passam, sorrindo ao meu lado
avó e neto... amor puro!
Nela, revivo o passado...
Nele, adivinho o futuro.
 
Por mais que o mundo me agrida,
minha fé não arrefece...
Mesmo no inverno da vida,
Deus manda o sol que me aquece!
 
Meu tempo é o da serenata...
do flerte... da matinée...
da valsa... terno e gravata...
do primeiro amor... você!
 
Sua mensagem chegou...
Rasguei a carta e, serena,
lembrei que o tempo passou
e agora é tarde... Que pena!
 
Perguntei ao coração
se este amor o faz culpado.
Respondeu  – e tem razão –
“Não amar é que é pecado”.
 
Se a vida me desafia
e eu luto e venço a batalha ,
o destino, à revelia,
põe noutro peito... a medalha.
 
Que não haja cerca ou muro...
que entre as flores, no quintal,
a criança, no futuro,
celebre a paz mundial!
 
Que eu não me esqueça, jamais,
que a moral é a diretriz
e ter ética é bem mais
do que a gente pensa e diz!
 
A tua língua refreia,
porque a calúnia é um defeito
de quem pela vida alheia
não tem o menor respeito!
 
Quando desfazes a trança,
jogando longe teus grampos,
tu me recordas a dança
do trigo dourando os campos!

 

Endereço:

Rua Fernando Moreira, 370. Centro. CEP 80410.120. Curitiba-Paraná

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