
Rodolpho Abbud
Projeto Conhecendo nossos Trovadores e as suas Trovas
O vídeo contêm breve biografia - Trovas e fotografias
Breve biografia
Rodolpho Abbud - Nasceu em Nova Friburgo/RJ, em 21 de outubro de 1926; filho de Dona Ana Jankowsky Abbud e de Ralim Abbud. Radialista, Locutor Esportivo, Poeta e Trovador. É pai de Luiz Carlos, Suely e Rosane, de seu primeiro casamento. Em segunda núpcias foi casado com Cyrléa Neves, com quem teve dois filhos: Rocyr e Rivana. Trabalhou por 42 anos na Fábrica de Filó S/A, depois de aposentado voltou a narrar partidas de futebol (sua grande paixão), depois mergulhou na trova. Conta-nos, Dalva Ventura, do Jornal A Voz da Serra: “Abbud entrou na alegre tribo dos trovadores em 1960, com aquele vozeirão inconfundível, como repórter de rádio, entrevistando os participantes dos I Jogos Florais na Rádio Sociedade de Friburgo. Gostou tanto, que virou trovador também. Nessa época ainda não tinha descoberto que sabia fazer trovas. Mas desde pequeno gostava de fazer quadrinhas. Por alguma razão Rodolpho sempre se identificou com o estilo e, mesmo sem saber, já fazia trovas, que costumava chamar de quadrinha, assim no diminutivo mesmo. E achava graça, ter ganho no ano de 1950 cem mil réis num concurso da Rádio Nacional, com uma de suas primeiras trovas. Foi numa festa junina/que eu vi a Rita sapeca./A cabocla era bonita/parecia uma boneca.(Rodolpho Abbud). Premiado em centenas de concursos, Rodolpho é autor de milhares de trovas memoráveis. Entre outros títulos, ostenta o de Magnífico Trovador Honoris Causa, que lhe foi atribuído por ocasião dos 40ºs Jogos Florais de Nova Friburgo.” Autor do livro de Trovas intitulado: “Cantigas que vêm da Montanha”, presidiu a Seção de Nova Friburgo de 2009 a 2013. Pioneiro locutor das transmissões esportivas pela Rádio Sociedade de Friburgo (atual Nova Friburgo AM) Rodolpho manteve por mais de 50 anos um programa radiofônico focalizando o movimento trovadoresco de Nova Friburgo e de todo o Brasil. Aficionado por futebol, Rodolpho pertenceu ao quadro de beneméritos do Friburgo Futebol Clube e, no Rio, foi tricolor de coração. Uma das mais expressivas figuras do movimento trovadoresco brasileiro, além de compor trovas com uma facilidade que encantava a todos. Sempre estava de bem com a vida, Rodolpho cativava a todos com seu permanente bom humor. Rodolpho Abbud, faleceu em Nova Friburgo em 25 de novembro de 2013, aos 87 anos.
Trovas
Tendo a fé que me conduz,
não temo a sorte malsã...
- Há sempre um fio de luz
entre as sombras do amanhã!
Nosso encontro... o beijo a medo...
A carícia fugidia ...
- Nosso amor era segredo,
mas todo mundo sabia...
Na vida, lutar, correr,
não me cansa tanto assim…
O que me cansa é saber
que estás cansada de mim!
Naquele hotel de terceira,
que a polícia já fechou,
a Maria arrumadeira
muitas vezes se arrumou!
Enquanto um velho comenta
sobre a vida: -“Ah! Se eu soubesse…”
um outro vem e acrescenta
já descrente: -“Ah! Se eu pudesse…”
Foram tais os meus pesares
quando, em silêncio partiste,
que, afinal, se tu voltares,
talvez me tornes mais triste…
Depois do sonho desfeito,
louvo o porvir que, risonho,
não me recusa o direito
de escolher um novo sonho!
Soube o marido da Aurora,
ela não sabe por quem,
que o vizinho dorme fora,
quando ele dorme também…
Seja doce a minha sina
e, num porvir de esplendor,
nunca transforme em rotina
os nossos beijos de amor…
-“Dê carona ao seu vizinho!”
E a Zezé, colaborando,
vai seguindo o meu caminho
e me dá de vez em quando!…
Na vida, em toscos degraus,
entre tropeços a sustos,
mais que a revolta dos maus,
temo a revolta dos justos!
Minha magoa e desencanto
foi ver, no adeus, indeciso:
– Eu disfarçando o meu pranto…
– Tu disfarçando um sorriso…
Em seus comícios, nas praças,
o casal cria alvoroços:
– Vai ele inflamando as massas!
– Vai ela inflamando os moços…
Vamos brincar de mãos dadas,
crianças pretas e brancas!…
O sol de nossas calçadas
não tem porteiras nem trancas!
Aproveita, criançada,
o tempo, alegre, ligeiro,
que da a uma simples calçada,
dimensões do mundo inteiro!
À noite, ao passar das horas,
esqueço os dias tristonhos,
pois tuas longas demoras
dão-me folga para os sonhos!
Chegaste a sorrir, brejeira,
depois da tarde sem fim…
E, nunca uma noite inteira
foi tão curta para mim!…
Ao se banhar num riacho,
distraída, minha prima
lembrou da peça de baixo
quando tirava a de cima ….
Vejo em minhas fantasias,
em Friburgo, pelas ruas,
mil sois enfeitando os dias
e, à noite, a luz de mil luas.
Na ansiedade das demoras,
quando chegas e me encantas,
mesmo sendo às tantas horas,
as horas já não são tantas…