União Brasileira de Trovadores
COMENTANDO TROVAS (Por Renato Alves) – UBTN Nº- X
15.10.2025:
Sendo a trova uma modalidade poética de forma fixa, quase sempre a inventividade, a originalidade, o achado da trova encontra-se no seu conteúdo (= significado). No entanto, às vezes, o trovador pode demonstrar curiosas peculiaridades também no significante, isto é, na forma de apresentação, na linguagem física escolhida. Vejamos:
- Na trova nº-1, abaixo, vencedora em Maringá/PR, o autor faz uma bela e minuciosa abordagem do tema” ROÇA”, usando tão somente substantivos, não há qualquer outra classe gramatical de palavras.
- Na segunda trova, os quatro versos começam com o mesmo fonema consonantal /z/, conferindo à composição um efeito sonoro específico, usando uma figura de linguagem conhecida como Aliteração.
A Roça: mata, fogo, chão,
força, braço, homem, dor;
plantas, flores, frutos, pão,
terra, vida, infância, amor!!!
Domingos F. Cardoso,
Ílhavo - Portugal
Zune o vento na janela...
Zumbe a abelha no jardim...
Zarpa a nau – rumo à procela...
Zomba a saudade... de mim!
Maria Madalena Ferreira.
Magé/RJ
COMENTANDO TROVAS (Por Renato Alves) – UBTN Nº- XI
15.10.2025:
Quase sempre, a repetição de uma mesma palavra num trecho curto de qualquer texto constitui um vício de linguagem, um defeito no estilo, e, por isso, deve ser evitado.
No entanto, em alguns casos, a repetição não constitui um erro ou defeito, e sim uma poderosa figura de linguagem - a Reiteração - que pode valorizar muito o nosso texto.
Veja como o uso deste recurso estilístico foi fundamental para reforçar o efeito humorístico do achado das trovas abaixo:
– Nunca vi almas! – diz rindo...
E o cara na sua frente,
Foi sumindo, foi sumindo,
Transparente, transparente...
Vasques Filho
Ao pôr-lhe a esmola no prato
pergunta ao surdo, baixinho:
– És mesmo surdo de fato?
E ele: ”Surdinho, surdinho!”
José Maria Machado de Araújo