Comentando Trovas (Por Renato Alves) – UBTN Nº- XIV
15.11.2025:
A língua é o meio de expressão da arte literária e, por consequência, da trova, um de seus gêneros poéticos. Por isso, correção gramatical é uma preocupação constante dos trovadores e, às vezes, serve até de tema para alguns.
Observem que simples erros na pronúncia e na flexão de número (plural) de duas palavras: “poliglota” e “degraus” constituem o ponto central do humor nos achados das trovas abaixo:
Sempre contando lorota,
diz que fala até chinês,
e, ao dizer-se poligrota,
assassina o português.
Maria Nascimento
"Cuidado com os degrais!"
– dizia o aviso ao freguês...
E ninguém tropeçou mais.
(A não ser no português!)
Renato Alves
COMENTANDO TROVAS (Por Renato Alves) – UBTN Nº- XV
15.11.2025:
O “ACHADO”, em qualquer obra literária é aquele algo original, diferente do que outros já fizeram, e que faz valer a pena a obra ter sido escrita. É aquela maneira pessoal, única, de tratar uma ideia mesmo que ela já tenha sido explorada.
Na trova, o "achado" pode estar não apenas na criação de uma ideia nova, mas também no uso de um jogo de palavras, na escolha de um vocabulário com musicalidade diferente, numa maneira criativa de colocar as ideias ou no emprego dos variados recursos estilísticos de que a língua dispõe.
Vejamos, nos exemplos a seguir, como alguns “jogos de palavras” valorizaram as trovas onde foram empregados:
Poucos sabem que não sabem
tudo o que dizem saber.
Maiores saberes cabem
nos que sabem sem dizer.
Aparício Fernandes
Há coisas boas e más
que, para viver feliz,
a gente diz... e não faz,
a gente faz... e não diz.
Guimarães Barreto

