Lembre-se a trova exige ser pensada antes de ser escrita. É importante que ela diga alguma coisa, tenha um achado, algo que lhe dê um quê especial, que a torne única entre as outras trovas, ou seja, que tenha personalidade. Aproveite bem aquele exíguo espaço de 28 sílabas poéticas. Todas as palavras devem ter função, e não deve faltar nenhuma palavra. Este é um dos grandes segredos da boa trova. Importante a UBT exige para concurso que a rima ABAB ou seja, que o primeiro verso rime com o terceiro e o segundo com o quarto verso!
Por sua vez, um dos elementos indispensáveis na trova é a Rima. Por isto ela merece um pouco da nossa atenção e sobre ela teremos algumas considerações. Rima de uma palavra qualquer é o som que se inicia na vogal da sílaba tônica e vai até o fim desta palavra. A rima de "fim", por exemplo, é im, de "gente" é ente, de "dúvida", úvida e assim por diante.
A chamada rima de cada verso é a rima da última palavra deste verso e quando duas palavras têm rimas iguais, diz-se que elas rimam entre si. Desta forma, "morta" rima com "porta", "flor" com "amor", "partida" com "vida", etc.
As rimas têm diversas classificações que podem ser encontradas em qualquer tratado de versificação. São elas: pobres ou ricas, raras, preciosas, esdrúxulas, etc. Não entraremos em detalhe sobre estas considerações por acharmos desnecessárias neste estudo rápido. Há quem acredite que quanto mais difícil a rima, tanto melhor para o enriquecimento do verso. Para a trova, no entanto, isto não ocorre porque, sendo espontânea e de gosto popular, o melhor é que suas rimas sejam bem naturais. O importante mesmo é que elas estejam perfeitamente encaixadas no contexto da trova e não entrem apenas para rimar.
Todo trovador deve ter, para consulta, um Dicionário de Rimas. Citamos os mais fáceis de ser encontrados: Dicionário de Rimas Costa Leite; Dicionário de Rimas Guimarães Passos; Dicionário de Rimas da Língua Portuguesa, de José Augusto Fernandes. (Fonte: Pequena Cartilha de Trova – Arlindo Tadeu Hagen).
Sobre o tema ora abordado, diz-nos Antonio Augusto de Assis, no artigo, O esmero da Rima: “Quem já participou de comissões julgadoras sabe o quanto dói ter que diminuir a nota de uma boa trova só porque apresenta algum problema com
relação à rima. Por essa e mais outras, parece válido sugerir uma pensadinha no assunto. Sobretudo ao produzir trovas para concursos, e até que se estabeleça um consenso (incluindo Portugal), seria razoável evitar rimas polêmicas, tais como: a) as chamadas ― imperfeitas‖: chapéu-valeu, bela estrela, invejo-desejo, velha-abelha, idéia-aveia, qualquer-conhecer, acomode-pôde , adores-amores, melhor-valor, céu-mel, mingau-banal, alma-trauma, paz-mais, boca-louca, nós-sóis, partiu-gentil, viu-frio; b) as rimas com palavras derivadas: ter-conter, pôr e por, crer-descrer, tempo-contratempo; c) as rimas homófonas, em que a vogal tônica seja a mesma – e com o mesmo timbre – nos quatro versos (sem que haja sons internos fortemente contrastantes), como nestes exemplos inventados: 01. Moda nova quando nasce já se espalha pela praia; porém logo ela desfaz-se se outra moda entra na raia. 02. Tenho uma rede e uma esteira no meu rancho de sapê; e uma roseira faceira que plantei para você... 03. Fiz que fiz, fiz que não fiz, fiz do jeito que farias. Se o que fiz te faz feliz, faço assim todos os dias!
Alguns podem até achar que essas coisinhas não tenham muito a ver com a qualidade dos versos. Mas sempre que possível é bom evitar. Quem consegue compor uma bela trova pode esmerar-se um pouco mais também na rima. (Fonte: Feldmann, José - Florilégio de Trovas – n. 24 – setembro de 2018 -p.20 )
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