top of page
Decálogo de Metrificação para Trovadores
É o resumo de um ensaio e de um relatório, ambos sobre metrificação, de autoria de LUIZ OTÁVIO com a colaboração de 53 trovadores de diversas seções da UBT (União Brasileira dos Trovadores) e também de Portugal.
Destacam-se entre os trovadores que colaboraram com a elaboração do Decálogo: Carlos Guimarães; Carolina Ramos; Lilinha Fernandes; Helvécio Barros; Vera Vargas; Milton Nunes Loureiro; Sávio Soares de Souza; Manita; Joubert A. Silva; Vasques Filho; David de Araújo; Rodolpho Abbud; Jacy Pacheco; Ivo dos Santos Castro; Micaldas Corrêa e Dimas Lopes de Almeida (Portugal).
Decálogo de Metrificação
1) - As sílabas são contadas até a última tônica do verso.
2) - As pontuações não impedem as junções de sílabas.
3) - Não se deve fazer o aumento de uma sílaba métrica nos encontros consonantais disjuntos, (ou seja: não usar "suarabacti").
Exemplo: “ig-no-ro” e não “i-gue-no-ro”
4) - Uma vogal fraca faz junção com a vogal fraca ou forte inicial da palavra seguinte.
§ único - Aceitam-se exceções a esta regra no sentido de evitar a formação de sons duros e desagradáveis.
Exemplo: Ventura única – venturúnica.
5) - Uma vogal forte, pode ou não, fazer junção com vogal fraca da palavra seguinte, no entanto jamais deve fazê-la com vogal forte.
§ único - Nos casos em que se prefira a junção "forte + fraca", deve-se ter sempre o cuidado de evitar sons desagradáveis: "mais que tu/ardo" ou formar novas palavras: vi/a moça
6) - Pode haver a junção de três vogais numa sílaba métrica.
§- Não deve haver mais de uma vogal forte.
§- No caso em que a vogal forte não esteja colocada entre as vogais fracas e sim em 1* e 3* lugar, para que seja correta a junção, as duas vogais fracas devem juntar-se por crase ou por elisão, e não por sinalefa (ditongação). Assim, estará certo:
"é a ambição que nos prende”, e não se pode unir as três vogais de "e a / intima palavra".
§- Deve ser usada com cuidado a junção de mais três vogais, embora haja casos corretos de quatro e até de cinco vogais.
7) - Os ditongos aceitam as pré-junções com vogais fracas: "E eu".
As post-junções são aceitas somente nos ditongos crescentes (encontros instáveis):
"a distância infinita", e são repelidas nos ditongos decrescentes: "Eu sou/a que no mundo …
§ Único - Há casos de uso facultativo de pré-junção de vogais fortes aos ditongos, quando essas vogais são as mesmas dos iniciais dos ditongos e não forem as tônicas das palavras.
Aceita-se: "será auspiciosa", e é inaceitável: "terá/auto".
8) - Nos encontros vocálicos ascendentes (formados por vogais ou semivogais tônicas), a sinérese é de uso facultativo.
Exemplo: "ci/ú/me" ou "ciú/me"; “po/e/ta” ou “poe/ta”.
§ Único - Há neste grupo, excepcionalmente, encontros vocálicos que não aceitam a sinérese. Geralmente, são formados pela vogal "a" seguida das vogais "a", "e" ou "o". Exemplo: Sa/ara, a/éreo, a/orta, ou, em alguns casos, da mesma vogal "a" seguida das semi-vogais "i" ou "u" tônicas, como em: "para/íso, "ba/ú".
9) - Nos encontros vocálicos descendentes (formados por vogais ou semivogais tônicas) seguidas de vogais ou semi-vogais átonas) não se aceita a sinérese ("tua", "lua", "frio", "rio" etc., e sim, "tu/a", "su/a","fri/o", "ri/o", etc.)
§ Único - Em algumas regiões do Brasil é usada a sinérese nestes encontros vocálicos, com base na fonética local. No entanto, não será aceita na Metrificação, em benefício da uniformidade, uma vez que na maioria dos Estados é feita a separação dessas vogais.
10) - 0 uso da aférese ("inda", etc), síncope ("pra", etc), apócope ("mui", etc) e de ectilípse (com a, com o, com as, com os) é facultativo.
§ 1º - A junção de "com" mais palavras iniciadas com vogais átonas é correta mas pouco usada. Acompanhando a maioria dos poetas, sempre que possível, deve ser evitada.
Exemplo: "com amor".
§ 2º - A junção de "com" mais palavras iniciadas com vogais tônicas não será aceita.
Exemplo: "com esta".
§ 3º - A junção de fonemas anasalados "am", “em”, "im", etc., com vogais átonas ou tônicas não será aceita.
Exemplo: "formaram" / idéias", "cantaram / hinos" etc.
§ 4º - É preciso cuidado com o uso de aféreses, síncopes e apócopes que, por estarem em desuso ou por formarem, geralmente, sons desagradáveis, irão ferir a sensibilidade dos leitores e dos ouvintes.
Glossário
Por ordem alfabética, para melhor compreensão do Decálogo de Metrificação.
AFÉRESE - Supressão de sílabas ou fonema inicial ("/inda").
APÓCOPE - Supressão de sílaba ou fonema final ("mui/“).
CRASE - Fusão de duas vogais numa só ("a alma") ("e este").
DIÉRESE - Transformação de um ditongo num hiato ("sa/u-da-de").
DITONGO - Fusão de uma vogal + semivogal, ou vice-versa; na mesma sílaba. ("sai") ("falei") ("Niterói")
DITONGO CRESCENTE - Semivogal + vogal (“pátria”) (“gênio”) (“diabo”).
DITONGO DECRESCENTE - Vogal + semivogal (“pão”) (“meu”) (“dourado”)
ECTLIPSE - Supressão de um fonema nasal final para possibilitar a crase ou ditongação (sinérese) com a vogal inicial da palavra seguinte. ("com o") ("com amor")
ELISÃO - supressão da vogal átona no final de uma palavra. ("Ela estava" = "Elestava").
ENCONTROS CONSONANTAIS - Duas consoantes unidas:
A. inseparáveis - ("bl - bloco”) ("fl - "flor") ou "grupos consonantais".
B. separáveis ("gn - ignóbil”) ("bs – observar”) ou "encontros consonantais disjuntos".
HIATO - uma sílaba terminada, por vogal-base seguida de outra iniciada também por vogal-base. ("re/eleger") (“ca/olho”) (“a/éreo) (Rocha Lima);
Encontro de duas vogais pronunciadas em dois impulsos distintos, formando sílabas diferentes. (“Sa/ara”) (“podi/a”) (“sa/úde”) (Cegalla).
ENCONTROS VOCÁLICOS ASCENDENTES - “designação de Luiz Otávio” - Encontro de duas vogais ou semivogais, pronunciadas separadamente, sendo a primeira fraca e a segunda forte. (“di/a”) (“tu/a”) (“ri/o”) (“fri/o”)
.JUNÇÃO - “designação de Luiz Otávio” - No sentido generalizado para traduzir a união de sílabas métricas, Abrange pois, os diferentes processos de diminuição de sílabas poéticas. comumente e erradamente empregada pela maioria dos poetas como elisão. Ver no Glossário, os vários processos ou métodos para diminuir as sílabas métricas ou processos de fazer a junção de sílabas: crase, elisão, sinalefa, sinérese, aférese, síncope, apócope e ectilipse.
POSTJUNÇÃO - “designação de Luiz Otávio” - Junção posterior a uma sílaba ou palavra.
PREJUNÇÃO - “designação de Luiz Otávio” - Junção anterior a uma sílaba ou palavra.
SEMIVOGAIS - São os fonemas "i" e "u", quando ao lado de uma vogal formam uma sílaba com ela. Assim em "pai" e em "mau", o "i" e o “u" funcionam com valor de consoante; em "lu/ta" e em vi/da", funcionam com função de vogal.
SÍLABA OU MÉTRICA ou SÍLABA POÉTICA - São sílabas usadas nos versos, têm contagem diferente das sílabas gramaticais.
SINALEFA - Fusão ou junção de vogais ou semivogais, entre duas palavras, formando ditongo (“Este amor = Esteamor").
SÍNCOPE - Supressão de fonema ou sílaba no meio da palavra ("p/ra").
SINÉRESE - Transformação de um hiato em ditongo, na mesma palavra. ("ci/ú/me em ciú/me").
SUARABACTI - Aumento de uma sílaba métrica, pela pronúncia das vogais de apoio, nos encontros consonantais disjuntos" ("i/gui/no/rar") – Luiz Otávio.
TÔNICA - Sílaba forte, acentuada.
VOGAIS - Fonemas sonoros, que se produzem pelo livre escapamento do ar pela boca e se distinguem entre si por seu timbre característico" - Rocha Lima.
VOGAL FORTE ou FRACA - A vogal átona ou acentuada (tônica) da palavra ou do verso.
bottom of page